VOCÊ É CORRUPTO!?

VOCÊ É CORRUPTO!

 

VOCÊ É CORRUPTO!?

 

Ser honesto é um dever de todos. Contudo o Brasil encontra-se estruturado de tal modo que, nesta terra, o que mais tem dado é gente desonesta e, o pior, sem remorso de sê-lo.

 

Como alcançamos esse patamar tão vergonhoso? A resposta necessariamente remonta à formação do povo brasileiro e a sua história de egoísmos.

 

Dizem que de árvores podres não podem advir frutos saudáveis. Os portugueses que no Brasil aportaram apenas desejavam predar e, muitos deles, eram criminosos em Portugal e, por aqui, continuaram a serem-no, geralmente de modo ainda mais cruel.

 

Quantos são os brasileiros hodiernos que descendem do encontro criminoso entre portugueses e índios? Em outros vocábulos, quantos de nós somos frutos de estupros praticados pelos exploradores portugueses contra os índios brasileiros?

 

Mas os portugueses, os brancos civilizados, ainda foram além: sequestraram milhões de negros para que estes fossem escravizados também no Brasil, seja por portugueses, seja por brasileiros.

 

Mais uma vez cabe a indagação: quantos de nós, brasileiros contemporâneos, não somos frutos de estupros praticados pelos escravagistas contra as negras?

 

Nos nossos corpos, circula sangue de vítimas e de criminosos. Dessa mistura, em tese, nada mais que podridão poderia advir.

 

Em verdade, entretanto, muitos foram os brasileiros que conseguiram ser mais fortes que o determinismo de seus genes.

 

Infelizmente, com uma genética teoricamente desfavorável, já que eivada de peças oriundas de criminosos hediondos e ainda sob condições práticas desfavoráveis ao florescimento da honestidade, é, no mínimo, difícil para um brasileiro atual compreender a repugnância da desonestidade e, controlando seus impulsos rumo a ela, comportar-se de forma admiravelmente justa e proba.

 

Agora, quem são os ímprobos brasileiros?

 

Não é comum ver alguém assumindo ser desonesto, mas é corriqueiro ver pessoas mais sujas que pau de galinheiro afirmando-se muito honestas.

 

A probidade está, contudo, não no discurso, na autoproclamação, mas na prática. A conclusão quanto às virtudes e às pechas de um indivíduo deve decorrer da análise das ações por ele praticadas, não só das grandiosas, mas também e principalmente das pequeninas, tomadas como trabalhador (a), como marido/esposa, como filho (a), como pai/mãe, etc.

 

Diante dos olhares perscrutadores dos outros, o comportamento humano tende a uma padronização, consoante os valores predominantes em uma sociedade: um desonesto tenderá a tentar mostrar-se honesto. Daí quão salutar é a existência efetiva de controle dos órgãos públicos sobre seus agentes e sobre as pessoas em geral, a fim de evitar-se o florescimento dos egos corruptíveis.

 

As tidas como triviais corrupções – quais as relativas ao adultério, às traições, ao descaso com os filhos ou com os pais, ao descompromisso com o trabalho, com as suas funções e com quem delas necessita – são extremamente nocivas não só à dignidade humana, mas também ao país, mormente porque a desonestidade política-institucional nada mais é que um singelo corolário da improbidade gritante dos governados que vendem seus votos, que votam em troca de favores e/ou benefícios pessoais, etc.

 

A improbidade brasileira, enfim, é um mal que surge dos recantos mais sombrios do nosso ser e que, sempre prejudicando alguém e decorrendo do egocentrismo, é o ápice da desconsideração pelo outro e, quando manifestada coletivamente, é o apogeu do descaso pelo Brasil, que é patrimônio de todos.