PARA RIR, SE A PIADA NÃO MOSTRASSE A REALIDADE:
NO BRASIL, ESTUDAR PARA QUÊ?
No derradeiro debate, antes do segundo turno das eleições de 2014, na Rede Globo de Televisão, entre os então presidenciáveis, Dilma e Aécio, ao responder a uma pergunta de uma eleitora indecisa, sobre emprego para pessoas qualificadas e de mais idade, a candidata Dilma recomendou que a referida eleitora procurasse fazer um curso no SESI/SENAC ou no PRONATEC, que, assim, obteria uma recolocação no mercado de trabalho.
A resposta dada pela vencedora das eleições e que terá mais 4 anos de mandato foi bastante infeliz, porque não enfrentou o mérito da pergunta que, verdadeiramente, afeta a vida de milhões de brasileiros que: 1) na meia-idade, uma vez desempregados, encontram atrozes dificuldades de reinserção no mercado de trabalho; e 2) qualificados, não obtém empregos nos quais sejam utilizados os conhecimentos adquiridos em sua formação e que os bem remunere.
A MEIA-IDADE
O desemprego é um fenômeno que provoca medo em qualquer trabalhador, independentemente de sua idade. Todavia, quando esse desemprego ocorre após os 40 anos, o medo transforma-se em pavor, porque as dificuldades de reinserção no mercado de trabalho majoram-se.
Infelizmente, não há nenhuma política pública que facilite a recolocação desses trabalhadores no mercado de trabalho. Isso é dramático, mormente, porque muitos desses têm família para sustentar e uma vida inteira ainda pela frente.
OS QUALIFICADOS
Sem dúvidas, o Governo Federal, em todo esse começo de milênio, investiu bastante na Educação Superior. Novas Universidades Públicas foram criadas e as antigas foram revitalizadas e ampliadas. Isso somado à criação do Prouni e ao aperfeiçoamento da política do Fies, fez com que muitos estudantes tornassem-se universitários.
Fazer uma Faculdade e ter o nível superior é uma conquista social de extrema relevância. É uma forma de profissionalização e de qualificação, historicamente, bastante relevante.
Com a atuação do Governo Federal, milhões de famílias passaram a ter seus primeiros membros cursando uma Faculdade. Isso, indubitavelmente, é uma fonte de orgulho para pais e mães, até porque, com o nível superior completo, os jovens e as suas famílias sonham com mais e melhores oportunidades na vida. E é justo que seja assim.
Entretanto, essa multidão de universitários não encontrará vida tão mais fácil ao sair das Universidades. O Brasil, infelizmente, não tem conseguido proporcionar para a maioria desses brasileiros, pioneiros e sonhadores, oportunidades de trabalho que, ao mesmo tempo, permita-lhes desenvolver e aplicar os conhecimentos adquiridos na Faculdade e que os bem remunere.
Não é lógico o Estado e a sociedade empregarem recursos públicos na formação de profissionais e, após a formatura, estes se depararem com um mercado de trabalho que não os absorve ou que os remunera com salários, às vezes, inferior aos amealhados por trabalhadores que apenas possuem o nível técnico, médio ou, até mesmo, o fundamental.
Toda profissão e todo profissional têm a sua relevância para a Nação, mas qual é a mensagem que se extrai quando quem se esforça para qualificar-se mais, frequentemente, encontrar mais dificuldades de empregar-se ou, quando empregado, receber salários menores do que aqueles que não investiram tanto em seus estudos?
Sinceramente, contradizendo o discurso dos governantes de que a Educação é uma prioridade, na prática, estudar mais, esforçar-se mais e qualificar-se mais parecem ser atitudes de OTÁRIOS!
Como se sentirão os pioneiros e sonhadores brasileiros que, após tantas superações, formarem-se e, se conquistarem um emprego, este lhes assegurar uma renda inferior a de um vendedor em uma loja de shopping ou ainda inferior a de um servente de pedreiro? Sentir-se-ão como os desempregados em idade avançada? Apavorados? Ou sentir-se-ão, simplesmente, enganados? Feitos de OTÁRIOS?
O Governo Federal e os Governos Estaduais precisam, urgentemente, adotar políticas que fomentem a absorção da mão-de-obra qualificada que as Universidades brasileiras têm produzido e, também, estimular a recolocação dos trabalhadores de meia-idade desempregados, sob pena de as famílias brasileiras perderem, seja os seus sonhos, seja os seus provedores, e de o Brasil, por conseguinte, também perder: os altos investimentos feitos e ainda deixar de ganhar com o que esse grande universo de profissionais pode contribuir para o aperfeiçoamento deste país.