MINHA EXPERIÊNCIA NA COPA DO MUNDO DO BRASIL/2014

MINHA EXPERIÊNCIA NA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL DO BRASIL DE 2014

 

MINHA EXPERIÊNCIA NA COPA DO MUNDO DE FUTEBOL DO BRASIL DE 2014

 

Em 2007, quando o Brasil foi anunciado como país-sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014, fiquei extremamente feliz e passei a sonhar em participar do evento, indo a algum jogo, preferencialmente, da seleção brasileira.

 

Desde o anúncio, criei um fundo e passei a juntar dinheiro para concretizar meus anseios.

 

Em 2013, quando das manifestações de junho, eu e minha esposa participamos ativamente dos protestos. Lutávamos por melhores condições para a educação, para a saúde e para os transportes públicos. Sofremos na pela a repressão, os efeitos do gás lacrimogênio! Não éramos contra a Copa do Mundo, mas sim contra o superfaturamento de obras, contra a corrupção, contra o investimento de dinheiro público em estádios privados e, depois, contra o atraso na entrega das obras e contra a qualidade de algumas delas.

 

Abrindo um parêntesis, hoje, acredito que, se a FIFA fosse uma organização minimamente responsável, apenas permitiria que países com altos índices de desenvolvimento humano e baixos índices de corrupção tornassem-se sedes de copas do mundo de futebol. Entretanto, não acho que a FIFA seja séria, tampouco responsável!

 

Retornando ao foco, graças à minha profissão e ao meu trabalho, consegui juntar capital suficiente para comprar ingressos para a Copa. Em 2013/2014, após várias tentativas de aquisição das entradas para alguns jogos, consegui ser sorteado, ao menos, para assistir ao jogo das quartas-de-final em Fortaleza.

 

Desde o princípio do torneio, estava empolgado e procurei assistir a maior quantidade possível de jogos.

 

Em decorrência do futebol apresentado pela seleção brasileira na primeira fase da copa, os jogos que mais mexeram comigo não foram os do Brasil, mas o Holanda (5) X (1) Espanha, o Chile (2) X (0) Espanha, o Uruguai (1) X (3) Costa Rica, o Inglaterra (1) X (2) Itália, o Uruguai (2) X (1) Inglaterra, o Costa Rica (1) X (0) Itália, o Argentina (1) X (0) Irã, o Alemanha (4) X (0) Portugal.

 

Revoltei-me, diversas vezes, com a Imprensa que queria porque queria dizer que o Brasil estava jogando bem, mesmo diante de apresentações manifestamente ridículas. E indignei-me, milhares de vezes, com pessoas que repetiam, bestamente, o discurso da Imprensa.

 

No jogo Brasil X Chile, diante do péssimo futebol apresentado pela seleção brasileira, tive raiva, mas também chorei, quer quando o Chile pôs aquela bola no travessão, no final do segundo tempo da prorrogação, quer a cada pênalti batido.

 

Fui com minha esposa ao jogo Brasil X Colômbia, no Castelão, em Fortaleza. Realizamos, em decorrência de nossa organização e persistência, o sonho de assistir a um jogo da seleção brasileira em uma Copa do Mundo no Brasil!

 

Sei que nunca mais me esquecerei daquele dia. Não me lembrarei do desempenho da seleção em campo: ganhou, mas não convenceu. Não me esquecerei jamais é: 1) da volta para casa, em um ônibus lotado, com a torcida animada, cantando, feliz; 2) e dos segundos em que, no estádio, cantou-se o hino nacional – momento sublime e de arrepiar!

 

Infelizmente, também não olvidarei nunca dos cerca de 3km que percorremos ao sair do estádio para chegarmos ao local em que estavam os ônibus que nos levariam de volta aos bolsões. Grades separavam os torcedores, partícipes da festa, do mundo real, das favelas, dos excluídos que nos olhavam, curiosos. Crianças pediam de alguns torcedores, que traziam, empilhados, 10, 12 copos (despojos de bebedeiras), uma lembrança do jogo, um copo: apenas um copo. E o que mais vi foi a recusa, foi o ignorar. Aos excluídos nem as cascas das batatas foram-lhes oferecidas.

 

Em casa, com a notícia da lesão do Neymar, fiquei impressionado com o sensacionalismo da Imprensa sobre o caso e com a pouca atenção que se passou a dar ao jogo do Brasil contra a Alemanha.

 

Como bom brasileiro, no dia 08/07/2014, acreditei que o Brasil pudesse ganhar da Alemanha. Mas sabia que se o Brasil saísse atrás no placar, dificilmente, teríamos condições de reverter o quadro de eliminação.

 

Até o momento em que o placar era 3 X 0 para Alemanha, acreditei em uma virada espetacular e histórica do Brasil, mesmo com o time jogando mal e não conseguindo dar sequer um chute a gol.

 

Pouco depois, com o 4 X 0 e com o 5 X 0, joguei a toalha. Fiquei envergonhado. Senti-me humilhado. Revoltei-me com a inércia do técnico e com a Imprensa que, cinicamente, a partir daí, passou a dizer que a seleção, desde a primeira apresentação na copa, já não jogara bem.

 

Com o apito final do juiz e com o 7 X 1, absolutamente vexatório, não chorei, não sorri, apenas iniciei meu processo de desintoxicação da copa do mundo.

 

No jogo do dia 09/07/2014, entre Holanda e Argentina, queria que a equipe sul-americana ganhasse, para que a Imprensa, depois, não viesse a querer fazer de uma possível vitória do Brasil sobre a Argentina, em uma disputa pelo terceiro lugar, uma espécie de redenção da seleção.

 

Não foi fácil torcer pela Argentina. Mas o fiz e deu certo.

 

Agora, independentemente do resultado da partida entre Brasil e Holanda, faz-se absolutamente necessário que os brasileiros provoquemos amplas mudanças em nosso futebol.

 

Em 100 anos de história da seleção brasileira, a maior tragédia dela na história ter sido no Brasil, diante dos brasileiros, não pode ser considerada uma derrota normal, temos que fazer dessa dor e dessa crise uma oportunidade de aperfeiçoarmos nosso futebol e o modo de geri-lo.

 

Se nada fizermos diante dessa hecatombe, mostraremos ao mundo o quão somos BURROS, INCOMPETENTES e INCAPACITADOS, não apenas nos assuntos mais relevantes, tais quais EDUCAÇÃO, SAÚDE, HONESTIDADE, RESPEITO AOS BRASILEIROS, MAS ATÉ NO FUTEBOL!