LÍNGUA PORTUGUESA: CULTA E FEIA?
A língua portuguesa, mesmo diante das muitas diferenças existentes de norte a sul e de leste a oeste, é o principal elemento de integração do povo brasileiro. É ela, inclusive o único idioma oficial da República Federativa do Brasil (art. 13, caput, da CRFB).
Esses dados deveriam contribuir para que fosse atribuída especial relevância ao ensino e ao aprendizado do português. Infelizmente, na prática, a esse idioma, quer pela iniciativa privada, quer pelo Poder Público, tem-se destinado um tratamento incompatível com a sua real importância.
É mais que muito comum constatar o abuso no uso de palavras e expressões estrangeiras, mormente inglesas, em nomes de estabelecimentos comerciais, por exemplo.
O Estado, por sua vez, tem sido incapaz de ensinar o idioma de Camões e de Machado de Assis de modo adequado, tanto que os índices de aprendizagem e de domínio da língua portuguesa, dentre nossos estudantes, é assaz baixo.
Mesmo entre os que conseguem galgar espaços nas Universidades, ainda que públicas, e inclusive nos cursos de Pós-Graduação, nos Programas de Mestrado e de Doutorado, as deficiências no uso do Português, às vezes, relincham.
E em um contexto tão aterrador, em que iniciativas favoráveis ao ensino e ao aprendizado da língua portuguesa são raras e tímidas, ainda há desestímulo a instituições que pelejam em nadar contra essa forte corrente.
Foi o caso, na Universidade Federal do Ceará (UFC), da Casa de Cultura Portuguesa, que, nos últimos anos, enfrentou dificuldades várias, destacando-se a carência de professores efetivos e, durante alguns semestres, a não abertura ou a abertura de poucas vagas para novos alunos; tudo, infelizmente, levando a crer que, em breve, encerraria melancolicamente suas atividades.
Felizmente, a UFC começou a promover a reversão dessa ignominiosa tendência, dado que, para este segundo semestre de 2014, abriu novas 5 turmas e 110 vagas para a Casa de Cultura Portuguesa.
Desse modo, a UFC demonstra, concretamente, que não aspira a ser corresponsável pelo plano orquestrado e em andamento de assassinar a língua “inculta e bela”.