BRASIL, PAÍS DO FUTURO? À BASE DE PÃO E CIRCO? OTIMISMO OU AUTOESTIMA?
Autoestima e otimismo não se confundem. Enquanto aquela está ligada a certo imobilismo, este tem íntima associação com a ideia de mudança.
Um povo, ou uma sociedade, ou mesmo agrupamentos menores, quando acreditam que trilham caminhos sensatos e justos, têm a certeza, por conseguinte, de que a ampla maioria de suas manifestações serão boas e legitimadoras das rotas adotadas. Não quererão, assim, mudanças drásticas. Mudar para quê?
Esse modo de ser é típico dos grupos que têm autoestima elevada. Seus componentes podem ou não ser otimistas, porém o conjunto deles tende a não ser nem otimista, nem pessimista; e, sim, a simplesmente aceitar confiantemente tudo o que a sorte pode trazer. É o caso dos povos nórdicos.
Ocorre que há nações que, setorialmente, podem dar contentamento a seu povo; mas que, em virtude de todo o resto, não proporcionam felicidade a este.
Ser o melhor em alguns esportes, ser festivo, não ter muitos de seus membros morrendo na miséria – já que salvos pela “esmola oficial” -, bem como deter bons mecanismos de fuga e de alienação – televisão, internet, instituições religiosas, grandes eventos (COPA e OLIMPÍADAS) – asseguram a um povo o circo e o pão, mas não o bem-estar e a consciência de que se está num rumo digno e justo.
Os indivíduos de sociedades desse último tipo tendem a ser otimistas. Isso, contudo, em decorrência de que aspiram a mudanças sensíveis, porém não de que estejam satisfeitos com o seu presente. Não são felizes, apenas têm que acreditar em tempos melhores, sob pena da majoração dos sofrimentos advindos da normalidade. É o caso dos povos latinos e africanos.
Diante do exposto, ficam solarmente diferenciados o otimismo da autoestima. Indubitável é que, nesse diapasão, aquele pode ser uma etapa para o alcance desta; todavia, o ordinário, infelizmente, é que um povo que passe por essa transição, afogando-se na temporalidade e na fugacidade da alegria, perca de vista a luta pela estabilidade, que só a felicidade traz. Manifestação disso é o Brasil, reputado eternamente, desde o princípio, de país do futuro!