ESCOLHOS NAS ESCOLHAS – ÉS TU UMA RELÉS MARIONETE?!
Sem dúvidas, cada ser humano é a síntese da eterna dialética entre as escolhas que faz ao decorrer de sua existência. Aqui plenamente cabível uma questão fundamental: seriam essas escolhas livres?
No Livro Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley, exageradamente, apresenta uma sociedade em que os seres humanos, mesmo pertencendo a classes sociais distintamente usufruidoras dos benefícios da civilização, sentem-se felizes. Essa felicidade, contudo, decorre de processos complexos de condicionamento das pessoas.
Nessa obra, resta claro que as decisões que os homens tomam subordinam-se aos condicionamentos a que foram submetidos.
Em nossa civilização hodierna há processos similares ou os indivíduos são livres em suas escolhas?
Na infância, obviamente, os pais e demais familiares, mais diretamente, e as Escolas, mais mediatamente, são assaz responsáveis pelo ensino dos valores. Seria isso já um condicionamento?
E as propagandas e mesmo os programas televisivos e o cinema e até mesmo as demais manifestações artísticas não seriam instrumentos através dos quais certos e determinados valores são difundidos como melhores, mais justos e mais aceitáveis?
Ocorre, porém, que, em “Admirável Mundo Novo”, mesmo no reino da estabilidade, alguns personagens, de origens e por razões diferentes, acabam questionando o sistema aparentemente perfeito em que vivem.
Na adolescência, geralmente, cada um compara e aquilata, a seu modo, os princípios que lhe foram precocemente transferidos, os que são, por todos os cantos e diuturnamente, difundidos e os que observa na vivência de outras pessoas.
Via de regra, contudo, a fase de questionamentos é deveras fugaz, pois é preciso escolher uma profissão e começar a trabalhar e fundar a sua própria família, sob pena, em caso de resistência, de doses maiores ou menores de opróbrio.
Não é, pois, permitido que os indivíduos ensimesmem-se e que tenham tempo suficiente para, refletindo, alcançarem uma idiossincrática síntese, um autêntico modo de ser.
Aos indivíduos é, verdadeiramente, pouco a pouco, apresentado uma tábua de escolhas. Dentro dela, é possível mover-se; fora, não!
Os que – mesmo diante de todo o aparato de conformação da capacidade de escolhas – persistem em tomar decisões estranhas ao espectro de tolerância são repreendidos e, no limite, são excluídos.
Enquanto isso, os filhos da civilização contemporânea, da alta tecnologia, da fácil comunicação, da liberdade e da busca pela igualdade e pela fraternidade, embriagados pelo sentimento propalado como verdadeiro de que se goza de livre-arbítrio, seguem vivendo e, dia após dia, tomando decisões, qual relés marionetes, sem, geralmente, sequer suspeitarem que as suas escolhas foram, são e serão condicionadas.