TRATAMENTO VIP – VIA USO INDECOROSO DO PODER
É do interesse dos magistrados, adimplindo a Constituição Federal, não apenas assegurar aos processos celeridade em sua tramitação e fazerem-nos terem uma duração razoável e abreviada, como ainda promover, em corolário, melhor pacificação dos conflitos sociais e distribuição de justiça e redução da litigiosidade?
Essa foi realmente uma pergunta e não uma afirmação, porque se a resposta for positiva, essas altas autoridades tornar-se-iam respeitadas pelo EFETIVO exercício de suas nobres obrigações, e não simplesmente pela toga que vestem.
O problema é que o efetivo exercício da nobre função judicial requer vocação, compromisso e desapego ao entorpecimento provocado pela detenção de uma fatia suculenta de poder.
E como está em falta no mundo, não apenas em relação à magistratura, mas no pertinente a tantas outras relevantes profissões (Médicos, Professores, Advogados e servidores públicos de modo geral), o talento e o AMOR ao que se faz, por um lado, e, por outra banda, a consciência de que o poder que eventualmente se detenha deve ser exercido todo em prol da melhoria da sociedade e da vida da população, e não para beneficiar a si e aos seus ou aos que estiverem dispostos a tornarem-se seus vassalos e/ou capachos.
Amiúde, os que se tornam magistrados fizeram-no apenas pelos vencimentos elevados, pela estabilidade, pela atraente aposentadoria, pelo prestígio e para deter PODER; tão só remotamente pensam nas responsabilidades que passarão a ter.
As sequelas do recrutamento de criaturas desse jaez são nefastas para a sociedade: é a má vontade em exercer adequadamente suas funções, é o tratamento ríspido destinado aos jurisdicionados e aos Advogados.
Em pouco tempo, por fazerem o que não gostam, esses maus profissionais passam a acreditar que ganham menos que merecem e, às vezes, começam a ceder a tentações e/ou a procurá-las, sedentos.
Para obter esses hediondos fins, o que fazem usualmente é descumprir sistematicamente prazos e aplicar doses cavalares de lerdeza aos processos de sua alçada, atraindo as partes e seus Advogados para as teias da caranguejeira, isto é, para reservadas conversas, nas quais os visitantes que são bem-intencionados desejam apenas o cumprimento da Constituição no que diz respeito à celeridade e à distribuição da justiça; mas, nas quais, os maus intencionados obtém privilegiada oportunidade de, por meios escusos, obterem um tratamento VIP, ou seja, VIA USO INDECOROSO DO PODER.
