A EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO?

A EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO?

 

A EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO?

 

Os brasileiros conquistaram, na folha de papel, o direito social à educação (artigo 6°, da CRFB); outrossim têm direito a que essa tenha um padrão de qualidade obviamente bom (artigo 206, parágrafo único, VII, da CRFB).

 

O pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho dá-se gradativamente através das seguintes fases do ensino: 1ª, educação infantil; 2ª, ensino fundamental; 3ª, ensino médio; 4ª, ensino técnico e/ou superior.

 

Infelizmente, quanto mais elevada a fase de ensino, menor é a quantidade de seus usuários. Essa situação é mais clara na educação pública, em que muitos começam os estudos, alguns conseguem concluir o ensino médio, mas ainda poucos ingressam efetivamente nos Centros Tecnológicos e nas Universidades Públicas.

 

Os brasileiros que utilizam do serviço público de educação, até o nível do ensino médio, via de regra, são aqueles cujas famílias não têm como pagar pelo ensino em um colégio particular. Passam, pois, a vida escolar quase que inteira nas mãos do Estado, mas, amiúde, têm muita dificuldade de ingressar principalmente em uma Universidade Pública.

 

Em contraponto, brasileiros que estudaram a maior parte do tempo ou a vida inteira em colégios particulares, regra geral, ao terminarem o ensino médio, desejam entrar, não em uma Universidade Particular, mas em uma Pública.

 

No confronto entre o conhecimento adquirido através do Estado e daquele auferido via escolas particulares, as vitórias têm ficado mais para estas, mormente, nos cursos de Medicina, Direito, Engenharias, Psicologia e Jornalismo – áreas em que se concentram o interesse dos alunos oriundos dos colégios particulares.

 

Com a criação da política de quotas, essa realidade tende a mudar. Contudo, sempre é atual a seguinte pergunta: por que os alunos que sempre estudaram em colégios particulares desejam tanto ocupar vagas nas Universidades Públicas?

 

De imediato, tende-se a responder que é porque o Ensino Superior Público é de muito melhor qualidade que o particular. Isso é verdade. Mas essa preponderância dá-se a que custo?

 

O capital investido nas Universidades Públicas é maior que o destinado aos ensinos infantil, fundamental e médio. É maior em números absolutos e na relação valor/ aluno. O Brasil gastou, em 2010, US$ 2.653, por aluno nos ensinos básico e médio, e cinco vezes mais no ensino superior, com US$ 13.137, por estudante.

 

A formação humana e política das pessoas dá-se preponderantemente nos níveis básicos de ensino, não nas Universidades. Não seria mais justo que fosse investido mais dinheiro, em números absolutos e relativos, nos graus iniciais do ensino, dando oportunidades maiores aos egressos das escolas públicas de, até sem quotas, conquistarem uma vaga nas Universidades Públicas? Não seria até melhor para as Universidades trabalhar com alunos com uma base educacional melhor?

 

Em verdade, nunca foi do interesse do Estado oferecer ensino de qualidade a todos os brasileiros. Não é do interesse das elites que se apropriaram do poder esclarecer, principalmente politicamente, as pessoas. Isso é perigoso para os interesses delas.

 

Por outro lado, essas elites querem-se beneficiar do dinheiro público. Para tanto, nada melhor que, afirmando sofisticamente que a Educação é uma prioridade, investir nela, mas predominantemente no Ensino Superior, único nível da educação que os filhos dos donos do Brasil usam. Coincidentemente?