BRASIS
O Estado batizado de República Federativa do Brasil, frequentemente, alegando insuficiência de recursos, tenta justificar a qualidade duvidosa dos serviços públicos que presta.
Assim, não havendo recursos suficientes, os brasileiros somos obrigados a contentar-nos com o que há: escolas públicas sucateadas, com bibliotecas defasadas, com profissionais mal pagos e, assim, desestimulados; unidades de saúde também sucateadas, sem a quantidade necessária de equipamentos e de pessoal para atender a demanda; insegurança pública, policiais mal pagos, investigação policial ineficiente – contribuindo e muito para a impunidade –, presídios superlotados, Poder Judiciário incapaz de adimplir às suas funções: celeremente pacificar os conflitos sociais, distribuir a justa razão a quem demonstre tê-la e reduzir a litigiosidade.
Esse tenebroso quadro não se restringe ao aludidos setores, mas limita-se a mencioná-los, dado que são os mais relevantes para a edificação de um país em que sejam factíveis deveras a ordem e o progresso.
Revolta causa e raiva sente-se diante da justificativa governamental, principalmente porque, mesmo diante do colapso dessas áreas fundamentais, não falta dinheiro para todo tipo de solenidade e, principalmente, para toda espécie de publicidade.
Enquanto os brasileiros padecem com o descaso do Estado de que fazem parte e ainda sustentam – não se tornando capacitados, tendo suas dores físicas e psíquicas prolongadas sadicamente e estando à mercê do crime, da criminalidade e das injustiças – este propagandeia uma realidade quimérica e também não perde uma oportunidade sequer de festejá-la.
Verdadeiramente, existem ao menos dois Brasis, e a distância entre eles é bem maior que o cinismo das nossas autoridades constituídas.