SUOR, LÁGRIMAS E SANGUE – NÃO MEXA NO MEU QUEIJO!?
O Brasil padece das consequências de uma terrível maldição: os brasileiros não lutam pela concretização da imensa maioria dos direitos que possuem.
A história brasileira é repleta de momentos em que o país quase entrou em conflito civil. O problema é exatamente o referido “quase” e o que se fez para evitar o embate.
Quando da Independência, não lutamos. Quando da Proclamação da República, não guerreamos. Quando da Revolução de 1930, alguns Estados até se insurgiram na luta por uma Constituição; mas a Carta Constitucional de 1934 calou a insurreição e, inclusive, de modo definitivo, já que, em 1937, quando da outorga de outra Constituição, inaugurando a Ditadura do Estado Novo, o clima para a resistência era inexistente.
O fim da Ditadura Vargas ocorreu sem conflito armado. O Golpe Militar de 1964 aconteceu, e não houve resistência consistente do Presidente Goulart e de seus apoiadores. O término da Ditadura Militar, após mais de duas décadas, ocorreu também sem uma massiva insurreição popular.
Os brasileiros acostumamo-nos a obter nossas conquistas sem lutas contundentes e, ao mesmo tempo, quando tivemos/ temos nossos direitos violados, mantemo-nos na inércia e não lutamos pelo que perdemos ou nos querem retirar.
A batalha, a guerra, a perda de vidas para a obtenção de um direito não é uma maldição; é uma bênção. Não nos esqueçamos de quão significativo é ganharmos o pão com o nosso suor. E, sem dúvidas, em similar linha de raciocínio, a conquista de direitos, com dores, com o derramamento de lágrimas e até de sangue, faz com que as pessoas valorizem mais o conquistado, e não o tratem como se fosse qualquer coisinha.
Os povos mais avançados e que muito sofreram para gozar de alguns direitos lutam com veemência contra a violação deles, e por quê? Porque se lembram do suor, das lágrimas e do sangue derramados por eles e/ ou por seus antepassados para que esses direitos existam. Para a população desses povos, não lutar pelos seus direitos é desonrar o seu passado e os seus heróis.
No Brasil, com jeitinhos, os donos dos poderes, a elite dominante de sempre, têm conseguido, apropriando-se de quase todo o queijo, evitar que o povo brasileiro, esse enorme elefante, tenha consciência de sua força e do seu imenso poder.
E assim, achando que a boa cegonha trouxe os seus direitos, o povo brasileiro, sem ter experimentado as dores do parto das conquistas, segue, reiteradamente e sem resistir, permitindo que raposas e urubus acabem com tudo, até com a esperança de que esse quadro um dia mudará.